Um dos pontos que mais trabalho com os meus clientes de coaching empresarial é o alinhamento e a motivação dos seus colaboradores. Todos percebem que só quando estão juntos no caminho é que as coisas realmente acontecem.

A maioria dos empresários e gestores com que falo ainda pensam que o problema está nos seus colaboradores. Assumem que eles têm pouca vontade, pouco empenho e que hoje as coisas já não são como antigamente. Eles dizem-me com muita frequência: "Hoje ninguém veste a camisola. Estão uns meses aqui a aprender e depois querem é saltar para outro lado!".

Eu conheço bem esta realidade. No entanto quero acreditar que todos nós, líderes de equipa, gestores ou empresários, podemos fazer mais para manter os melhores connosco, para os alinhar com os nossos princípios e para os reter empenhados e motivados em construirmos juntos uma empresa melhor.

No que está a pensar? Que só consegue isso com um bom salário, certo?

Pois esta é a opinião da maioria dos empregadores. Eles estão convencidos que os seus funcionários estão todos insatisfeitos porque recebem um salário baixo. Mas desenganem-se pois, embora possa ser o que os colaboradores mais facilmente verbalizam, não é garantidamente o principal ponto de insatisfação.

De vários estudos que já vi e também da minha experiência nas empresas que acompanho, os principais pontos de insatisfação dos colaboradores prendem-se com o ambiente dentro da empresa, os relacionamentos, a visão (ou falta dela), a impossibilidade de participarem na estratégia, a falta de sentido de pertença, o não haver perspectiva de carreira e evolução, etc.
Obviamente que se tiverem um bom salário poderá ajudar, mas não é o ponto que os colaboradores mais valorizam.

Ou seja, os pontos que os colaboradores mais valorizam são pontos que podem ser facilmente resolvidos com uma gestão mais pensada e com mais atenção aos pormenores internos.
E as boas notícias são que não mexem em orçamento.

Mas será que os empresários estão preparados para também olhar para dentro da empresa com a mesma preocupação com que olham para fora? Será que estão preparados para estruturar a empresa não só para servir os seus clientes mas também para servir os seus colaboradores?

Há alguns anos trabalhei com um empresário que me dizia: "...eles têm é muita sorte em ter emprego. Eu pago-lhes todos os meses e sempre a horas. Já deviam era estar muito agradecidos por isso. E se não estiverem, vão embora que contratamos outros."

Será esta a cultura que querem na vossa empresa?

A solução, na minha opinião, passa por acreditar que as pessoas que trabalham connosco são mesmo importantes e assim trazê-las para dentro da organização verdadeiramente. Mostrar-lhes como elas são valiosas dentro da máquina.
Ouvi-las, dar-lhes oportunidade de fazer parte da estratégia, partilhar com elas os objetivos e os caminhos que a empresa quer trilhar. A visão deve ser clara e deve ser partilhada por todos.
Devem ser feitas reuniões trimestrais de avaliação e acompanhamento do negócio, globais ou por equipa conforme a dimensão da empresa, mas em que todos devem ter acesso ao ponto de situação do negócio.
Todos os funcionários devem ter objetivos individuais mas também objetivos de grupo, que se devem sobrepor aos individuais, para perceberem que eles fazem parte de uma empresa e que só se todos estiverem bem é que a empresa funciona.
Estes objetivos devem ser acompanhados diariamente e semanalmente para garantir que se tornam mesmo importantes para todos.

É preciso mudar as nossas mentalidades! É preciso interiorizar que o nosso bem mais valioso numa empresa são mesmo os recursos humanos e por isso temos, enquanto líderes, de nos preocupar genuinamente com eles.

Não é suficiente pagar melhores ordenados e acreditar que por isso os funcionários vão ficar satisfeitos.