Vivemos num mundo em que cada vez mais a informação está disponível, em que cada vez é mais fácil chegar àquilo que nos interessa. Em simultâneo, cada vez a população se está a tornar mais preguiçosa e cada vez mais estão à espera que as coisas vão ter com eles, que tudo seja simples e fácil.

Conforme já partilhei convosco num video nos últimos dias, os meus filhos têm me dado uma grande ajuda na gravação de vídeos e na edição dos mesmos. Estão a aprender como se faz e estão a fazer coisas cada vez melhores (desculpem o comentário de mãe babada, mas sou e sempre serei a fã numero 1 dos meus filhos).
Nos primeiros dias colocaram muita energia e entusiasmo neste processo. Procuraram outros youtubers, procuraram sites sobre o assunto e trouxeram-me algumas soluções que eu desconhecia e que foram de grande utilidade para a nossa evolução.
Mas depois começou a parte "chata": ter que fazer, ter que ser metódico, experimentar várias coisas até perceber as que funcionam melhor e pior, ter de perder horas à procura daqueles detalhes que ninguém fala, ter de construir conhecimento com base na experimentação e avaliação.
Confesso que nisto os meus filhos estão a ter alguma dificuldade... e eu também de os manter persistentes na luta (sem ser por obrigação mas por dedicação).

Dei o exemplo dos meus filhos e podemos pensar que é por serem pequenos. Mas quando olho para as empresas o cenário é muito semelhante, mesmo quando estamos a falar de pessoas muito mais velhas.
As pessoas gostam de saber tudo, mas pela rama. Na sua maioria não têm a persistência para, depois de alguns falhanços, ainda terem a força para experimentar de outra forma, para quererem saber mais sobre o assunto e para encontrarem alternativas. Não estão preparadas para ir mais além e desafiar a sua zona de conforto.
Aos primeiros obstáculos é muito mais simples dizer: "não dá, não sei como é que se faz. Faz tu, se fores capaz.".

Eu costumo dizer às pessoas que trabalham comigo, que pensar dá muito trabalho. Mas se trabalhar é não pensar então seremos substituídos rapidamente. As máquinas fazem garantidamente esse trabalho melhor que nós.

Normalmente nessas alturas de aparente aflição, em que o funcionário não sabe como resolve o desafio, chama o seu superior hierárquico que deverá saber como é que se faz e que, na maioria dos casos, sabe mesmo e resolve o tema rapidamente. E o que é que acontece na próxima vez? O chefe é chamado novamente...

Quase todos os meus clientes se queixam do mesmo: "as minhas equipas dependem totalmente de mim. São muito pouco autónomas.". E eu normalmente pergunto: "Na sua opinião, porque é que isso acontece?"

Uma das coisas que faço como profissão é dar formação nas empresas, principalmente nas áreas comportamentais (performance pessoal), gestão do tempo, liderança, etc.
Aquilo que tenho reparado é que, a maioria das pessoas, está à espera que os outros lhe ensinem tudo o que tem que saber, para que eles aprendam sem esforço.
Eu acredito que só a ouvir é difícil de assimilar a informação e, por isso, nas minhas formações, tenho sempre alguns exercícios, principalmente quando são formações a grupos pequenos. É muito interessante ver que a reacção de quase todos os presentes é sempre de defesa e de não querem escrever nada. "Mas eu tenho que pensar e escrever?!?!??! Isso dá muito trabalho!!!"

O pior é que quando tenho a sala cheia de empresários acontece o mesmo!!! Já tive alguns que me responderam "Eu faço isso depois..."

Aprender é simples, mas dá trabalho. É preciso esforço. É preciso querer muito. É preciso ter a persistência de falhar e continuar a procurar a solução.

Mas no fim vale a pena!!!!