E quantas vezes as coisas correm como esperavas?

Provavelmente nenhuma e isso cria-nos logo um desconforto. O resultado, às vezes, até pode ser melhor do que as nossas expectativas, mas sendo diferente já não nos deixa tão felizes e, na maior parte das vezes, o resultado é pior que aquilo que imaginamos e gera-se em nós uma grande desilusão. 

Mas o que aconteceu é mau? Na maior parte das vezes não, mas não é tão bom como esperávamos. Se não tivessemos criado as malvadas expectativas, ficariamos contentes pelo que recebemos mas, neste contexto, ficamos tristes. Vivemos tristes porque estamos sempre à espera de mais do que recebemos, mesmo quando a vida nos vai entregando coisas boas.

Atenção que quando falo em expectativas não falo em metas e objectivos, pois de tudo o que depende de nós e que conseguimos controlar devemos, na minha opinião, ter uma visão clara e, enquanto fizer sentido, devemos correr atrás dos objectivos porque eles são inegociáveis. 

Este factor negativo das expectativas é muito visível nas relações com os outros. Estamos sempre à espera que os outros sejam de determinada maneira, não porque eles são assim, mas porque nós gostávamos que eles fossem assim. Acreditamos sempre que vamos mudar nos outros aquilo que está completamente fora do nosso alcance.

Estamos à espera de receber aquilo que consideramos o bem porque tratamos o outro bem. Poderia começar aqui um outro tema sobre o que é o bem, pois ela depende muito de pessoa para pessoa e ter esta noção é importantíssimo em qualquer relação, mas vou deixar essa discussão para outro post e vou-me focar aqui nas expectativas.
Nunca faças o bem na expectativa de receber o bem. A grande recompensa de fazer aquilo que consideras o bem é o sentimento que sentes dentro de ti. Se alguma vez vais receber esse bem de volta já é secundário (mas vais certamente, poderá é não ser de forma directa).

Há uns anos tive uns amigos que namoraram durante muitos anos, gostavam muito um do outro, mas ele era completamente viciado em trabalho e passava pouquíssimo tempo com ela. No entanto, ela criou a expectativa que quando casassem e fossem morar juntos, ele iria mudar e iam ser felizes para sempre. 

Podem adivinhar o resultado? Um namoro de 10 anos acabou 3 meses depois de casarem.

Ele não era assim e ainda hoje, passado mais de 10 anos, continua sem ser. Ela criou expectativas que se tornaram rapidamente uma grande desilusão.

Ser surpreendido é bem melhor do que ser desiludido e por isso se olharmos para os outros sem expectativas as relações vão certamente correr muito melhor.