O ponto número 1 do recrutamento

março 21, 2019


Nos últimos anos tenho me deparado com alguns desafios de cultura empresarial, quer a nível pessoal quer nas empresas com que tenho trabalhado. Todas as empresas têm uma cultura e quando entramos numa empresa nova temos que nos saber adaptar à cultura. Podemos pensar em pequenas ajustes, em pequenas alterações, mas a cultura deve refletir os valores mais importantes dos líderes da empresa, os comportamentos que são aceitáveis e esses devem ser mantidos como inegociáveis.

Não há certos ou errado, não há culturas melhores ou piores. Quando entramos numa empresa que já está a laborar temos que perceber se nos enquadramos nos valores e nos pontos de cultura que a empresa tem na sua raiz pois, por mais que acreditemos que os nossos são melhores, não os vamos conseguir impor.

Hoje, quando os meus clientes me fazem questões sobre recrutamento, tenho esta lição muito presente. Aconselho sempre a procurar pessoas com os valores alinhados com aquilo que é a cultura da empresa. As questões técnicas alinham-se depois, os conhecimentos adquirem-se, mas os valores não se mudam e se entrarem em conflito nunca vamos conseguir resolver.

Quando fazemos uma entrevista de recrutamento devemos ter muito claro qual a cultura da empresa, quais os valores vividos internamente. E depois devemos nos focar essencialmente em perceber se os valores da pessoa estão enquadrados naquilo que a empresa vive diariamente, nos comportamentos dos colaboradores e naquilo que os líderes da empresa definem como aceitável.

Numa empresa onde trabalhei no passado, entrei com a melhor intenção possível, adorava o que fazia, dava o meu melhor todos os dias e tinha imensas ideias para fazer diferente. Na minha óptica todas elas eram para melhorar processos, para aumentar a performance das equipas, para maximizar os resultados da empresa, mas quando comecei a tentar impor a minha forma de trabalho e a minha forma de pensar os anti-corpos começaram a aparecer.
Ainda permaneci alguns anos na empresa, mantendo a esperança de que conseguia mostrar a minha visão e alterar aos pouco aquilo que me parecia profundamente errado. Mas passado uns anos a verdade tornou-se muito óbvia para mim. Sentia-me a tentar lutar contra aquilo que me pareciam força ocultas, mas que na verdade era apenas outra forma de pensar. Eu não fazia parte daquele puzzle, era uma peça que não encaixava.

Com o tempo percebi que não havia nada de errado com a maneira deles pensarem. Era apenas uma forma diferente da minha.
Aliás, o que é certo ou errado? Quem sabe… não há certos ou errados no mundo dos negócios. Há apenas soluções que hoje correm melhor ou pior, há coisas que hoje são verdade mas que amanhã podem ser mentira, há decisões que nos aproximam dos objetivos traçados e outras que nos afastam.
Para os mais assertivos, para aqueles que vêem a vida como sendo preto ou branco, esta é uma frase muito controversa. Eu aceito isso, mas a única coisa que posso partilhar convosco é que, para mim, a vida começou a ser mais simples quando comecei a acreditar nos cinzentos, em cores intermédias que podem ser interpretadas de forma diferente conforme os olhos.

Aceitar que as pessoas podem olhar para a mesma coisa e ver coisas diferentes fez me sentir muito melhor comigo e com os outros, melhorou muito as minhas relações e tornou-me uma pessoa muito mais tranquila e resolvida. Eu agora aceito-me muito melhor quando penso diferente dos outros. E a maravilha é que também aceito os outros que pensam diferente. Uau! Que interessante!


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