Porque todos temos fracassos...

janeiro 18, 2018






Augusto Cury (2015)

Em toda a minha infância e adolescência, lembro-me bem da pressão que foi criada em mim para ser a melhor, para ter as melhores notas da turma, para ganhar todas as corridas, para ser um exemplo em tudo o que fazia, para ser boa menina... agora olho para trás e pergunto-me não seria demais pedir tanta coisa a uma criança?!??!?!

Sempre fui muito boa aluna, mas não a melhor. Sempre tive sucesso nos desportos que pratiquei, mas nunca a vedeta... e apesar de ser muito boa na maioria parte das coisas que sempre fiz, sentia-me sempre pouco, pois sentia que nunca preenchia na totalidade os requisitos dos meus pais.

Desde pequena que fui gerindo as minhas expectativas sobre mim própria, parecendo sempre muito mais confiante do que na verdade me sentia, pois o medo de errar, de não cumprir os requisitos dos meus pais (que hoje tenho a noção serem muito elevados), acompanhava-me no dia a dia. Houve traumas em algumas áreas da minha vida, em que apesar de ser aluna de 80% me sentia péssima, que ainda hoje são temas pelos quais me desinteressei completamente. Foi a minha defesa para lidar com o fracasso que sentia.

Hoje, e apesar de ter 40 anos, e ser muito senhora do meu nariz, ainda sinto tantas vezes restícios destes condicionamentos da infância. Aliás, apesar de ser adulta e totalmente independente dos meus pais, ainda hoje sinto esta pressão atrás de mim. A diferença é que já tenho plena consciência daquilo que é meu e daquilo que me é imposto pelos outros (e que eu consigo descartar se não é bom para mim).


Hoje sou mãe de dois rapazes maravilhosos. Até hoje bons meninos, com os princípios bem alinhados e também bons alunos. Fazem birras como os outros, com momentos mais dificeis como todos nós, com as suas fraquezas e fragilidades. Sei que os tenho que aceitar como eles são, ser exigente q.b.. 

As escolhas são deles, o caminho é deles e eles têm que perceber que, desde pequeninos, que são responsáveis pelo futuro deles próprios e que, embora nós (pais), possamos ampará-los nas quedas, não poderemos (nem deveremos) evitar que elas aconteçam. Tento encutir o espírito da exigência dentro deles, para eles perceberem que têm que ser em cada momento o melhor que conseguirem ser. Penso que é um pensamento importante e uma boa aprendizagem para o futuro. Mas não é ser o melhor em tudo. É "apenas" darem o melhor deles em tudo o que fazem.



Eu confesso que, diariamente penso neste tema da aceitação dos meus filhos como são. Acredito que eles conseguem fazer o caminho sozinhos sem precisarem de uma grande intervenção minha (para além do amor incondicional e de um bom exemplo), que a natureza irá fazer bem o seu trabalho, contribuindo certamente para lhes dar as oportunidades certas, nos momentos certos.





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