O perigo dos prazeres imediatos
outubro 04, 2018Toma as decisões para a sua empresa baseado nos resultados de curto prazo? Ou dá prioridade à visão de médio/longo prazo?
Numa pré-escola da universidade de Stanford, na década de 1960, foi iniciado pelo psicólogo Walter Mischel, um estudo em que fez alguma experiências com um conjunto de crianças e depois as acompanhou ao longo da sua vida académica.
Cada criança foi fechada numa sala. Colocaram um marshmallow à sua frente e o foi-lhes explicado pelo assistente que, se eles não comessem aquele marshmallow iriam ser recompensados no final com a dois marshmallows para comerem. A mensagem foi passada de forma clara e foi garantido que a criança tinha percebido.
Uma em cada três crianças comeu o marshmallow, não recebendo a recompensa final. As restantes crianças foram premiadas no final com dois marshmallows, conforme tinha sido prometido.
Essas crianças foram todas acompanhadas e passado 14 anos foram analisados os seus perfis, separando as crianças que tinham resistido à tentação de ter o marshmallow à frente, recebendo a recompensa, das que não tinham aguentado .
Os resultados foram surpreendentes e permitiram concluir que as crianças que tinham resistido tinham algumas características diferentes, em comparação com as que não tinham resistido:
- eram mais competentes socialmente;
- eram mais eficazes no seu dia a dia;
- eram mais confiantes;
- estavam mais bem preparados para enfrentar as frustrações da vida;
- eram mais independentes;
- estavam muito menos sujeitos à depressão;
- tomavam mais a iniciativa;
- eram mais confiáveis e firmes.
Na vida como nas empresas, saber esperar é uma das grandes qualidades.
Um dos pontos que trabalho muitas vezes com os meus clientes de coaching empresarial é a reputação da empresa. Para ter sucesso no longo prazo é fundamental trabalhar a imagem que a empresa tem no mercado, é muito importante tornarmo-nos uma referência naquilo que fazemos.
Mas quantos empresários estão disponíveis para fazer este investimento de dinheiro e tempo, sem um retorno imediato?
Não é fácil, nada fácil mesmo. Mas a cultura da fé deve ser cultivada na nossa vida e nas nossas empresas. Devemos semear com certeza da probabilidade da colheita. Nada é garantido, mas temos que conhecer o jogo das probabilidades e jogá-lo o melhor que conseguimos.
Eu, quando como um pastel de nata, o peso na balança não muda no final desse dia. Mas se o fizer todos os dias, no médio/longo prazo, os resultados para a minha saúde e peso vão ser desastrosos.
Nas empresas é igual. São as ações que faço todos os dias, são as minhas rotinas que vão determinar os meus resultados de médio/longo prazo.
Se eu não souber trabalhar para o médio/longo prazo e estiver sempre a pôr o prazer imediato à frente, não vou conseguir ter na minha empresa as características que foram identificadas no estudo de Stanford (confiança, firmeza, resiliência, independência, etc). Não vou conseguir criar a reputação e a imagem que fará os clientes quererem trabalhar comigo. Não vou conseguir criar as condições para ter os melhores funcionários a querer trabalhar comigo. Não vou conseguir criar a confiança para ter os melhores parceiros e fornecedores a querer trabalhar comigo.
Em conclusão, para todas as empresas, é muito importante que tenham uma visão de longo prazo e que as rotinas e as prioridades do dia a dia sejam definidas de acordo com esse plano. Por vezes até se pode deixar que o dia de amanhã fique comprometido, acreditando que é a melhor decisão para o médio/longo prazo.
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